Há tempos queria escrever essa postagem, porém,
deixei para escrever sobre isso quando a Camilinha já completasse um
tempinho maior da cirurgia da coluna, para que assim fosse uma postagem
“especial”.
Hoje, completamos 60 dias da cirurgia.
2 meses que o pesadelo foi embora... Sim! Pesadelo
pra mim! Eu tinha pavor da cirurgia Artrodese de Coluna, mas agora é
passado (Graças a Deus).
Eu já havia conversado com o Dr. Luis Eduardo
Munhoz da Rocha sobre esse estudo que vou compartilhar com vocês hoje
aqui no blog.
Foi um estudo que encontrei na internet que fala
bem sobre a satisfação dos cuidadores das crianças que se submeteram a
cirurgia.
Eu estou felicíssima com o resultado!
Claro que, sofremos no começo, mas no geral, a recuperação tem sido ótima!
Camila está muito bem, já se recuperou da pneumonia também e está numa fase muito boa por sinal!
Estamos vivendo a bonança após a tempestade, eu diria.
Espero que gostem da leitura.
Tem termos técnicos, mas para quem é portador de Paralisia Cerebral, ou mãe/pai de uma criança PC, é um prato cheio!
Já li esse mesmo estudo váriasssssss vezes e
confesso que o questionário abaixo da postagem, até já fiz comparações e me peguei
pensando sobre o que mudou, em cada pergunta, depois da cirurgia da Cá!
Sério gente!!!
Leiam até o final, o questionário é bem bacana.
Sério gente!!!
Leiam até o final, o questionário é bem bacana.
Boa leitura mesmo!
Satisfação dos cuidadores dos pacientes portadores de Paralisia Cerebral e Escoliose após Artrodese de Coluna
Simone TortatoI; Carlos Abreu de AguiarII; Dulce Helena GrimmII; Luiz Antonio Munhoz
da CunhaIII; Luis Eduardo Munhoz da RochaII
IMédica Residente de Ortopedia
e Traumatologia do Hospital XV, Curitiba, PR
IIMédico Ortopedista do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR
IIIChefe do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR
IIMédico Ortopedista do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR
IIIChefe do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR
RESUMO
OBJETIVO: Avaliar a satisfação dos
cuidadores de pacientes portadores de paralisia cerebral e escoliose após artrodese de coluna.
MÉTODO: Foram revisados 38 prontuários de pacientes submetidos à artrodese de coluna no Hospital Pequeno Príncipe entre 2003 e 2009, com seguimento mínimo de um ano. Dos prontuários foram colhidos os seguintes dados: idade, gênero, tempo de seguimento, GMFCS, classificação topográfica da lesão, abordagem cirúrgica e complicações. Das radiografias pré e pós-operatórias: ângulo de Cobb nos planos coronal e sagital e obliquidade pélvica. O cuidador mais próximo de cada paciente respondeu a um questionário, na última consulta, sobre cuidados pessoais, função, locomoção, estética, saúde e satisfação, comparando, de maneira retrospectiva, as condições pré e pós-cirúrgicas. Para análise estatística os resultados foram divididos em dois grupos de acordo com a melhora obtida.
RESULTADOS: A média de idade na cirurgia foi de 14,6 anos (9-20). O seguimento médio foi de 33 meses (12-75). O ângulo de Cobb pré-operatório médio foi de 81º (46º-133º), pós-operatório médio de 27º (6º-62º). Obliquidade pélvica estava presente em 18 (74%) pacientes antes da cirurgia. Complicações ocorreram em 13 (37%) pacientes. Houve melhora para os cuidados pessoais em 36 pacientes (95%), da função e locomoção em 37 (97%). Melhora estética ocorreu em 100% dos casos. O tempo de permanência na cadeira de rodas aumentou em 79% dos pacientes.
CONCLUSÕES: Neste estudo, o tratamento cirúrgico da escoliose em pacientes portadores de paralisia cerebral cursou com alto grau de satisfação dos seus familiares. Nossos resultados foram semelhantes aos relatados em outros estudos previamente publicados.
MÉTODO: Foram revisados 38 prontuários de pacientes submetidos à artrodese de coluna no Hospital Pequeno Príncipe entre 2003 e 2009, com seguimento mínimo de um ano. Dos prontuários foram colhidos os seguintes dados: idade, gênero, tempo de seguimento, GMFCS, classificação topográfica da lesão, abordagem cirúrgica e complicações. Das radiografias pré e pós-operatórias: ângulo de Cobb nos planos coronal e sagital e obliquidade pélvica. O cuidador mais próximo de cada paciente respondeu a um questionário, na última consulta, sobre cuidados pessoais, função, locomoção, estética, saúde e satisfação, comparando, de maneira retrospectiva, as condições pré e pós-cirúrgicas. Para análise estatística os resultados foram divididos em dois grupos de acordo com a melhora obtida.
RESULTADOS: A média de idade na cirurgia foi de 14,6 anos (9-20). O seguimento médio foi de 33 meses (12-75). O ângulo de Cobb pré-operatório médio foi de 81º (46º-133º), pós-operatório médio de 27º (6º-62º). Obliquidade pélvica estava presente em 18 (74%) pacientes antes da cirurgia. Complicações ocorreram em 13 (37%) pacientes. Houve melhora para os cuidados pessoais em 36 pacientes (95%), da função e locomoção em 37 (97%). Melhora estética ocorreu em 100% dos casos. O tempo de permanência na cadeira de rodas aumentou em 79% dos pacientes.
CONCLUSÕES: Neste estudo, o tratamento cirúrgico da escoliose em pacientes portadores de paralisia cerebral cursou com alto grau de satisfação dos seus familiares. Nossos resultados foram semelhantes aos relatados em outros estudos previamente publicados.
Descritores:
Paralisia Cerebral; Escoliose; Fusão Vertebral; Cuidadores
INTRODUÇÃO
A
escoliose é uma deformidade frequente em pacientes com paralisia
cerebral (PC). A incidência varia de 15 a 80% e está
diretamente relacionada ao grau de comprometimento neurológico e ao
tipo de distúrbio do movimento, sendo que os pacientes tetraparéticos
espásticos são os mais acometidos(1-4).
A progressão da deformidade costuma ocorrer mesmo após a maturidade esquelética. Koop et al(5) encontraram
curvas maiores de 40º em 30% dos pacientes adultos tetraparéticos, 10% dos diparéticos e 2% dos hemiparéticos. Thometz e Simon(6) demonstraram a relação entre a magnitude da curva e a progressão após a maturidade esquelética. Curvas menores de 50º
progrediram em média 0,8º/ano, enquanto curvas de 50º ou mais progrediram 1,4º/ano.
A
posição sentada é fundamental para a preservação da função e do
bem-estar do paciente portador de PC. O campo de visão,
a comunicação e até mesmo a locomoção são facilitadas, bem como a
função pulmonar é preservada por diminuir o refluxo gástrico e o risco
de aspiração. A progressão da curva causa desequilíbrio do tronco e
compromete a postura e o tempo de permanência do paciente
na cadeira. A consequente obliquidade pélvica pode levar ao surgimento
de áreas de pressão sobre a tuberosidade isquiática, espinha ilíaca
anterossuperior e o grande trocânter e causar dor(3).
Não
existe um consenso a respeito do tratamento ideal da escoliose
paralítica. Os métodos conservadores (observação,
aplicação de toxina botulínica, coletes ou cadeiras de rodas com moldes
adaptados) podem ser utilizados quando a curva é de pequena magnitude e
não interferem na função do paciente, porém se mostraram ineficazes
para curvas maiores e naqueles espásticos(7).
O colete é possível de ser utilizado em alguns casos, porém não impede a
progressão da curva e apenas 15% dos casos de escoliose tratados com
algum tipo de órtese deixam de progredir, e isso pode simplesmente
refletir a história natural da escoliose paralítica(8).
Na maioria dos casos, a estabilização cirúrgica é a única maneira de impedir a progressão de uma curva. Grande parte
dos cirurgiões acredita que a cirurgia é válida, principalmente por impedir a perda ou restaurar a capacidade de sentar(8). Esta forma de tratamento tem demonstrado altas taxas de satisfação dos familiares e cuidadores(9-13).
Por outro
lado, alguns autores advogam que a cirurgia cursa com um número de
complicações muito alto e com resultados limitados para o paciente(13-15). Desse modo, o tratamento da escoliose paralítica permanece controverso.
O objetivo deste estudo é avaliar a satisfação dos cuidadores dos pacientes portadores de escoliose e paralisia cerebral
após a artrodese vertebral.
O trabalho teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa de Seres Humanos – HPP. Registro CEP 0692-09 em 25 de maio
de 2009.
MATERIAIS E MÉTODO
No
período compreendido entre abril de 2003 e março de 2009, 106 pacientes
portadores de doença neuromuscular foram
submetidos ao tratamento cirúrgico de escoliose no Hospital Pequeno
Príncipe, em Curitiba. Todos os procedimentos foram realizados pelo
mesmo cirurgião. Do total de pacientes operados, 24 foram excluídos por
apresentarem outras doenças de base diferente de
paralisia cerebral, como síndrome de Rett, síndrome de West, atrofia
medular espinhal ou outras síndromes. Vinte e um pacientes apresentavam
seguimento pós-operatório inferior a um ano ou prontuário incompleto e
também foram excluídos. Dezoito pacientes perderam
seguimento. Seis pacientes foram a óbito neste período; nenhum
relacionado diretamente com o ato cirúrgico. Um dos óbitos ocorreu
depois da avaliação clínica e da aplicação do questionário, 20 meses
após a cirurgia, e foi incluído no trabalho.
Os
38 pacientes restantes foram incluídos no trabalho e tiveram seus
prontuários e radiografias revisados. Cada cuidador
recebeu um questionário sobre cuidados pessoais, função, locomoção,
estética, estado geral de saúde e grau de satisfação, que foi respondido
retrospectivamente, após um período mínimo de 12 meses da cirurgia.
Os
prontuários foram revisados para coleta de dados referentes ao gênero,
idade, data da cirurgia, tempo de seguimento
pós-operatório, grau de função motora grosseira (GMFCS), classificação
topográfica da lesão neurológica (diparético, hemiparético ou
tetraparético), abordagem cirúrgica, tipo e limites da instrumentação e
complicações.
As
indicações do tratamento cirúrgico foram progressão da curva, perda
funcional progressiva e/ou escoliose maior que
45º. A abordagem cirúrgica, posterior isolada ou associada à via
anterior foi optada pelo cirurgião baseada na magnitude e flexibilidade
da curva e na presença de obliquidade pélvica. Todos receberam
antibioticoprofilaxia. O tipo de instrumentação posterior
variou de acordo com as características de cada paciente, assim como
com a disponibilidade técnica na época da cirurgia. Entre as técnicas
disponíveis de fixação, foram utilizados retângulo de Hartshill, amarria
sublaminar com fixação pela técnica de Luque-Galveston
com USS Synthes em aço, parafusos pediculares e instrumentação híbrida
(parafusos e fio de amarria sublaminar).
Todos
os pacientes foram encaminhados à UTI no pós-operatório imediato, onde
permaneceram por, no mínimo, 24 horas.
Assim que as condições clínicas permitiram, mantiveram seguimento na
enfermaria. Nenhum paciente fez uso de órteses no pós-operatório e todos
foram mobilizados precocemente.
As
radiografias foram avaliadas através da mensuração do ângulo de Cobb
nos planos sagital e coronal e da obliquidade
pélvica. Todos os dados foram coletados em exames pré-operatório,
pós-operatório imediato e na última consulta. As radiografias foram
realizadas com o paciente na posição sentada no plano anteroposterior e
perfil de coluna total. Também foram realizados exames
com inclinação lateral para avaliação da flexibilidade da curva. As
curvaturas do plano sagital foram aferidas: T5-T12, T10-L2, L1-L5 e
T12-S1. Valores positivos referem-se à cifose e valores negativos à
lordose. A obliquidade pélvica foi mensurada na radiografia
anteroposterior através de uma perpendicular à linha que passa no nível
das cristas ilíacas e uma linha que atravessa o centro de T1 e S(16).
O questionário aplicado teve como base o DPOCI (Pediatric Outcomes Data Collection Instrument) e os questionários
utilizados em estudos prévios semelhantes(10,17). Foi
composto por oito questões sobre cuidados pessoais (1-8), 14 sobre
função e locomoção (9-22), cinco sobre estado geral de saúde (23-27),
uma sobre estética (28) e três sobre satisfação (29-31).
Todos os responsáveis que responderam o questionário concordaram com a
publicação dos dados neste trabalho e assinaram termo de consentimento
livre e esclarecido.
Os
resultados obtidos no estudo foram expressos por médias e desvios
padrões (variáveis quantitativas) ou por frequências
e percentuais (variáveis qualitativas). Para análise estatística, os
resultados foram divididos em dois grupos distintos, de acordo com as
respostas obtidas do questionário: grupo de grande melhora (I) e grupo
de alguma ou nenhuma melhora (II). Para tal divisão,
observaram-se as respostas das perguntas 8, 22 e 28, que avaliam,
genericamente, os cuidados pessoais, função/locomoção e estética,
respectivamente. O grupo I foi formado por todos os pacientes cujos
cuidadores responderam ter havido grande melhora nas três
questões. O grupo II foi formado pelo restante dos pacientes cujos
cuidadores responderam alguma ou nenhuma melhora após a cirurgia em pelo
menos uma das questões. A resposta "não se aplica" não interferiu na
formação dos grupos.
Para a comparação entre os grupos I e II em relação às variáveis quantitativas (idade, ângulos das curvas, grau de obliquidade
pélvica e percentuais de correção) foi considerado o teste t de
Student. Em relação às variáveis qualitativas (gênero, GMFCS, abordagem
cirúrgica, complicações, presença de obliquidade pélvica e respostas
fornecidas pelos cuidadores através do questionário)
os grupos foram comparados considerando o teste exato de Fisher.
Valores de p < 0,05 indicaram significância estatística. Os dados
foram organizados em planilha Excel e analisados com o programa
computacional
Statistica v.8.0.
RESULTADOS
Durante
o período de abril de 2003 e março de 2009, 38 pacientes preencheram os
critérios de inclusão. O grupo I, de
grande melhora após a cirurgia, foi composto por 27 pacientes (71,1%), e
o grupo II, de alguma ou nenhuma melhora, por 11 pacientes (28,9%).
Com
relação ao gênero, 27 (63,2%) pacientes eram do sexo feminino e 14
(36,8%) do masculino. Das 24 pacientes do sexo
feminino, 18 pertenciam ao grupo I (75%) e seis ao grupo II (25%). Dos
14 pacientes do sexo masculino, nove pertenciam ao grupo I (64,3%) e
cinco ao grupo II (35,7%). Não houve diferença estatística entre os
grupos (p = 0,712).
A
média de idade na ocasião da cirurgia foi 14,6 anos (9,2-20,3). No
grupo I, a média de idade foi de 15,2 anos (9,2-17,6)
e, no grupo II, de 14,5 (9,7-20,3). O seguimento médio foi de 33 meses
(12-75), sendo 38 meses no grupo I (12-75) e 31 meses no grupo II
(16m58). Não houve diferença estatística entre os grupos (p = 0,612).
Quanto
à classificação topográfica da lesão e grau de comprometimento, 32
pacientes (84,2%) eram tetraparéticos GMFCS
V. Quatro pacientes (10,5%) apresentavam GMFCS IV; destes, três
tetraparéticos e um diparético. Por fim, dois pacientes eram diparéticos
GMFCS II (5,3%). Não houve diferença estatística entre os grupos (p
> 0,05).
A
abordagem cirúrgica via posterior isolada foi realizada em 22 pacientes
(58%), e nos 42% restantes optou-se pela via
anterior e posterior combinadas. Dos 22 pacientes submetidos à via
posterior isolada, 15 (68,2%) pertenciam ao grupo I e sete (31,8%), ao
grupo II. Dos 16 pacientes submetidos à dupla via combinada, 12 (75%)
pertenciam ao grupo I e quatro (25%), ao grupo II.
Não houve diferença estatística entre os grupos (p > 0,05).
Amarria
sublaminar com fixação nos ilíacos pela técnica Luque-Galveston foi
utilizada em 24 casos (63%), retângulo de
Hartshill em quatro (11%), parafusos pediculares em sete (18%) e
instrumentação híbrida em três (8%). Em 28 casos (74%), a instrumentação
estendeu-se até S1, em oito (21%) até L5 e, em dois (5%), até L3. Não
houve diferença estatística entre os grupos (p >
0,05).
Complicações
ocorreram em 13 casos (37%). Um caso evoluiu com fístula liquórica
secundária à punção lombar e necessitou
de nova cirurgia para seu fechamento. Dois casos apresentaram seroma na
região do ilíaco, sendo que um foi submetido à punção e
antibioticoterapia endovenosa e o outro submetido à drenagem cirúrgica e
antibioticoterapia endovenosa. Ambos tiveram evolução favorável.
Três pacientes cursaram com implante proximal saliente e foram
submetidos à revisão cirúrgica. Um caso evoluiu com cifose juncional.
Ocorreram
seis casos (15,8%) de infecção. Destes, um abscesso bilateral de ilíaco
após 18 e 28 meses da cirurgia que
foi resolvido após a retirada dos parafusos e antibioticoterapia
endovenosa. Três infecções recentes de ferida operatória foram tratadas
com drenagem e antibioticoterapia endovenosa e evoluíram bem. As outras
três infecções ocorreram no pós-operatório tardio
e necessitaram de retirada do material de síntese para a resolução. Em
dois destes pacientes com infecção tardia a pseudartrose foi
identificada, porém não necessitaram de tratamento adicional por não ter
interferido no resultado funcional. Dos 13 pacientes
que cursaram com complicações, nove (69,2%) pertenciam ao grupo I e
quatro (30,8%) ao grupo II. Esta diferença não foi estatisticamente
significativa (p = 1).
Dos 38 pacientes incluídos no trabalho, um foi a óbito em um período de 20 meses após a cirurgia, e a causa não estava
relacionada ao procedimento cirúrgico. Nenhum óbito ocorreu no transoperatório ou pós-operatório imediato.
A
média do ângulo de Cobb pré-operatório foi de 80,9º (46º-133º), do
ângulo pós-operatório imediato foi de 26,3º (2º-55º),
e do ângulo pós-operatório na última consulta, foi de 27,1º (6º-62º).
No grupo I, a média do ângulo pré-operatório foi de 84,3º, do ângulo
pós-operatório imediato de 25,9º, e do ângulo pós-operatório na última
consulta de 26,7º. No grupo II, a média do ângulo
pré-operatório foi de 72,5º, do ângulo pós-operatório imediato de
27,8º, e na última consulta de 28,2º. Não houve diferença estatística
entre os grupos quando a média do ângulo de Cobb pré ou pós-operatório. A
média de correção do ângulo de Cobb foi de 68,3%
no grupo I e de 60,5% no grupo II, porém sem diferença estatística (p =
0,213).
Do
total de 38 pacientes, 28 (73,7%) apresentavam obliquidade pélvica
antes da cirurgia. Destes 28 pacientes, 21 (75%)
pertencem ao grupo I e sete (25%) pertencem ao grupo II. Houve
relevância estatística em relação à presença de obliquidade pélvica
pré-operatória (p = 0,001).
A
média da obliquidade pélvica pré-operatória foi de 32,4º (10º-64º),
pós-operatória imediata de 10,9º (2º-28º) e na
última consulta de 13,1º (2º-28º). No grupo I, a média da obliquidade
pélvica pré-operatória foi de 32,8º, pós-operatória imediata de 11,2º, e
na última consulta de 12,7º. No grupo II, a média da obliquidade
pélvica pré-operatória foi de 31,4º, pós-operatória
imediata de 12,1º, e na última consulta de 13º. A média da correção
pós-operatória foi de 52% no grupo I e de 53% no grupo II. A média da
obliquidade pélvica pré e pós-operatória não teve diferença estatística
entre os grupos de grande e pouca melhora, assim
como a média do percentual de correção.
A
média da curva T5-T12 pré-operatória no plano sagital foi de +32,2º
(+13º/+68º), pós-operatória imediata de +25,8º
(0º/+45º), e na última consulta de +23º (-10º/+45º). A média da curva
T10-L2 pré-operatória no plano sagital foi de +15,3º (-11º/+40º),
pós-operatória imediata de -1,5º (-18º/+21º), e na última consulta de
+2,1º (-20º/+32º). A média da curva L1-L5 pré-operatória
no plano sagital foi de -37,3º (-75º/0º), pós-operatória imediata de
-40,6º (-70º/-12º), e na última consulta de -35,3º (-67º/+8º). A média
da curva T12-S1 pré-operatória no plano sagital foi de -53,4º
(-80º/-15º), pós-operatória imediata de -55,6º (-80º/-23º),
e na última consulta de -53,7º (-75º/-21º). Não houve diferença
estatística entre os grupos quando a média das curvas pré ou
pós-operatórias (p > 0,05).
O
cuidador mais próximo de cada paciente respondeu ao questionário após
um período mínimo de um ano da cirurgia. Dos
38 questionários, 36 foram respondidos pelos pais, um pela avó e um
pelo cuidador que acompanhou a criança antes e após a cirurgia.
De
acordo com o questionário, 37 dos 38 pacientes (97,4%) fariam a
cirurgia novamente e seus cuidadores recomendariam
o procedimento para outra criança com quadro semelhante. Os mesmos 37
(97,4%) pacientes tornaram-se mais felizes após a cirurgia. Todos os 38
(100%) pacientes tiveram grande melhora da estética.
A
respeito de cuidados pessoais, 36 pacientes (94,7%) tiveram melhora,
sendo que 31 referiram grande melhora e cinco
alguma melhora. Dois casos (5,3%) não referiram nenhuma melhora neste
quesito. As atividades que mais apresentaram melhora foram: banho
(89,5%), vestir calças (71,1%), higiene genital (68,4%) e troca de
fraldas (61,2%). O uso do banheiro para necessidades
fisiológicas e a alimentação foram as atividades que menos melhora
tiveram, com 39,5% e 55,3%, respectivamente. Entre todos os quesitos
sobre cuidados pessoais, apenas um (2,6%) cuidador referiu piora para
alimentação após a cirurgia. Não houve diferença estatística
entre os grupos.
Melhora
na função e locomoção ocorreu em 37 (97,4%) pacientes, sendo que houve
grande melhora em 29 casos (76,3%) e
alguma melhora em oito (21,1%). Um paciente (2,6%) não obteve nenhuma
melhora na função e locomoção. As atividades que mais apresentaram
melhora foram: transportar a criança na cadeira de rodas (84,2%),
transportar a criança no carro (84,2%), colocar a criança
na cama (81,6%), tempo de permanência na cadeira de rodas (79%) e a
posição para dormir (73,7%). O uso das mãos e a capacidade de sentar na
cadeira comum foram as atividades que menos melhora tiveram, com 28,9% e
39,5%, respectivamente. Entre todos os quesitos
sobre função e locomoção, um (2,6%) cuidador referiu piora para
transporte na cadeira de rodas, e quatro (10,6%) referiram piora para
colocar a criança na cama. Todos associaram tal piora ao fato de o
tronco da criança tornar-se rígido após a cirurgia. Exceto
o tempo de permanência na cadeira de rodas, não houve diferença
estatística entre os grupos (p > 0,05).
O
tempo de permanência da criança na cadeira de rodas após a cirurgia
aumentou em 30 pacientes (78,9%) e permaneceu
o mesmo em oito (21,1%). Nenhum caso cursou com diminuição do tempo de
permanência. No grupo I, ocorreu aumento do tempo em 88,9% das crianças,
enquanto que no grupo II este aumento ocorreu em 54,6% delas. Esta
diferença foi estatisticamente significativa
(p = 0,031).
Dos
38 pacientes, 22 (57,9%) diminuíram a frequência de pneumonia e 16
(42,1%) mantiveram a mesma frequência. Dos 27
pacientes do grupo I, 16 (59,3%) diminuíram a frequência dos episódios,
enquanto apenas seis (54,6%) dos 11 pacientes do grupo II o fizeram.
Não houve significância estatística entre os grupos (p = 1).
DISCUSSÃO
O
desenvolvimento de escoliose em pacientes portadores de paralisia
cerebral é um achado comum e frequentemente grave,
especialmente nos tetraparéticos. Com a piora gradativa da curva, a
criança tem a comunicação e locomoção ainda mais prejudicadas, além de
risco aumentado de desenvolver complicações pulmonares por refluxo
gástrico e aspiração, assim como escaras por pressão(3).
Comstock et al(13)
entrevistaram 45 pais e 15 cuidadores de 60 pacientes totalmente
comprometidos
portadores de paralisia cerebral que foram submetidos a tratamento
cirúrgico por escoliose. Relataram 85% de satisfação após o procedimento
cirúrgico e relacionaram os 15% insatisfeitos com a progressão da
escoliose e da obliquidade pélvica após a cirurgia,
assim como uma porcentagem de correção pequena da curva inicial. Nossos
resultados mostram índice de satisfação semelhante, com 97,4% de bons
resultados. O único caso insatisfeito apresentou abscesso de ilíaco
bilateral tardio e necessitou de retirada do material
de síntese do ilíaco. Obteve correção de 68% da curva inicial e de 28%
da obliquidade pélvica e não cursou com recidiva da deformidade. Apesar
de ter referido melhora na estética, não percebeu mudança funcional.
Jones et al(11) avaliaram a satisfação dos cuidadores de 17 pacientes portadores de PC submetidos
à correção cirúrgica da escoliose. Após um período de um ano, os cuidadores foram avaliados através do questionário de POSNA
(Pediatric Orthopaedic Society of North America). Não houve
mudança significativa na função global dos pacientes, mas
apresentavam-se mais felizes, menos cansados e com dor menos frequente.
Nosso estudo mostrou que mais de 95% dos pacientes apresentaram
alguma melhora na função global e que 57,9% diminuíram a frequência dos
episódios de pneumonia após a cirurgia.
Watanabe et al(9)
entrevistaram cuidadores de 84 pacientes portadores de PC associada à
escoliose
que foram submetidos à artrodese de coluna. Destes, 79% recomendariam a
cirurgia e 16% provavelmente a recomendariam. Noventa e nove por cento
consideraram a cirurgia com sucesso e somente 1% não percebeu mudanças.
Houve melhora estética em 94% dos pacientes.
Em 38% a função pulmonar tornou-se melhor após a cirurgia. Os
cuidadores menos satisfeitos foram aqueles cujas crianças eram
portadores de PC com menor comprometimento global, com porcentagem de
correção da curva menor e com maior lordose lombar residual.
No nosso estudo, percebemos resultados semelhantes a respeito da
recomendação cirúrgica e da melhora estética. Percebemos melhora da
função pulmonar em 57,9% dos casos. Nossos pacientes menos satisfeitos
com a cirurgia foram aqueles que não apresentavam obliquidade
pélvica pré-operatória e que não aumentaram o tempo de permanência na
cadeira de rodas após a cirurgia.
Neste
estudo, tivemos apenas um cuidador insatisfeito com o resultado
pós-operatório e cinco que observaram menor impacto
da cirurgia. Estes apresentaram curva sem obliquidade pélvica e não
aumentaram o tempo de permanência na cadeira. Nestes pacientes, é válido
mencionar que o cuidador não tem a noção real da história natural da
deformidade que é a progressão e o prejuízo da
função da caixa torácica. A ausência ou pouca melhora não
necessariamente significam um resultado ruim, visto que mesmo após a
maturidade o tratamento cirúrgico é o único meio capaz de impedir a
progressão.
Tsirikos et al(10) compararam a satisfação com a cirurgia dos pais e dos cuidadores de 190 pacientes.
Observaram que 96% dos pais e 84% dos cuidadores recomendariam a cirurgia, resultados semelhantes aos nossos.
Tivemos
algumas limitações do estudo. Apesar de um número inicial relativamente
grande de pacientes, vários não puderam
ser incluídos por perda de seguimento ou por prontuários incompletos.
Outra dificuldade foi a elaboração de um questionário próprio, já que no
Brasil não dispomos de um questionário validado para esse tipo de
avaliação, fato que pode ser objeto de outro estudo.
CONCLUSÃO
No
presente estudo, o tratamento cirúrgico da escoliose em pacientes
portadores de paralisia cerebral cursou com alto
grau de satisfação dos seus familiares. A maioria dos cuidadores
afirmou ter havido alguma melhora na função, locomoção e nos cuidados
pessoais das crianças e estavam satisfeitos com o resultado da cirurgia.
A melhora estética foi percebida por todos os cuidadores.
Os resultados encontrados neste estudo foram semelhantes aos obtidos
por outros autores neste grupo de pacientes. Percebemos que os
cuidadores menos satisfeitos foram aqueles cujas crianças não
apresentavam obliquidade pélvica antes da cirurgia e não cursaram
com aumento do tempo de permanência na cadeira de rodas após a
cirurgia.
Por gentileza, responda às perguntas abaixo avaliando como a sua criança ficou após a cirurgia da coluna, comparando
com a situação antes da cirurgia.
Cuidado pessoal
1. Para vestir as calças:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
2. Para tirar as calças:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
3. Para trocar as fraldas:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
4. Para realizar a higiene da área genital:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
5. Para ir ao banheiro:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
6. Para tomar banho:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
7. Para se alimentar:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
8. De modo geral, em relação aos cuidados pessoais:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
Função e locomoção
9. Para a criança se locomover sozinha:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
10. Para colocar a criança na cadeira de rodas:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
11. Para tirar a criança da cadeira de rodas:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
12. Para sentar na cadeira de rodas:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
13. O tempo que a criança permanece sentada na cadeira de rodas:
( ) aumentou ( ) manteve-se igual ( ) diminuiu
14.Para levar a criança de cadeira de rodas para outro lugar:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
15. Para deitar ou levantar da cama:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
16. A posição para dormir:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
17. Para colocar as talas e aparelho:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
18. Para tirar e colocar no carro:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( )não se aplica
19. Para sentar em uma cadeira comum:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
20. O tempo que a criança permanece sentada na cadeira comum:
( ) aumentou ( ) manteve-se igual ( )diminuiu
21. O uso das mãos:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
22. De modo geral, em relação à função e locomoção:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
Estado geral de saúde
23. A frequência dos internamentos por problemas médicos:
( ) aumentou ( ) manteve-se igual ( ) diminuiu ( ) nunca teve
24. A frequência de infecção urinária:
( ) aumentou ( ) manteve-se igual ( ) diminuiu ( ) nunca teve
25. A frequência de pneumonia:
( ) aumentou ( ) manteve-se igual ( ) diminuiu ( ) nunca teve
26. Apresentava escara(s) antes da cirurgia?
( ) Sim ( ) Não
27. Se sim, após a cirurgia:
( ) piorou ( ) manteve-se igual ( )melhorou ( ) não tem
Estética
28. Esteticamente, a deformidade da coluna:
( ) piorou muito ( ) piorou pouco ( ) ficou igual ( ) melhorou pouco ( ) melhorou muito ( ) não se aplica
Satisfação
29. Você recomendaria a cirurgia para o seu/sua filho(a) novamente?
( ) Sim ( ) Não
30. Você recomendaria a cirurgia para outra criança com o mesmo problema do seu/sua filho(a)?
( ) Sim ( ) Não
31. Seu/sua filho(a) está mais feliz?
( ) Sim ( ) Não
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