O dia hoje foi cansativo por aqui.
Eu imagino que algumas pessoas pensam que ficar com filho internado, significa ficar deitada num sofá, assistindo e deixando que as enfermeiras façam tudo por você. Principalmente se você fica em apartamento ao invés de enfermaria.
Confesso que nos primeiros internamentos quando Camila era pequena, era mais ou menos assim que as coisas aconteciam comigo.
Eu não sabia fazer absolutamente nada que passasse a hora naquele tempo e também não era a pessoa tão simpática (e humilde) que sou hoje.
Na verdade eu era um pouco tímida e nem conversava tanto. Não sabia quase nada há dez anos atrás a respeito de Paralisia Cerebral e então até para não passar vergonha, preferia ficar durante todo o internamento dentro do quarto assistindo TV e cuidando da filhota.
Amizades? Não... eu não fazia pois não me considerava uma pessoa de compania agradável.
Como a gente muda, meu Deus!!!!
Aquela menina "tonga" , "sonsinha" e "meio devagar", onde foi parar?
Alguém a viu por aí?
Hoje conversando com a amiga Lenice, mãe da "Miss Duda" que está aqui também com a filha internada, ficamos relembrando quando nos conhecemos anos atrás, quando "aquela Valéria" ainda era viva... Fomos companheiras no hospital quando Camila tinha uns 5 ou 6 anos e a Duda estava no começo da doença.
Ela infelizmente não tem diagnóstico fechado.
Era uma menina que andava, falava, brincava, estudava e hoje encontra-se na cama, com gastrostomia, traqueostomia, não anda e não fala.
Nos reencontramos alguns meses atás quando por coincidência as duas meninas tinham que ficar internadas e nossa amizade, minha e da Lenice, se fortificou (é mais uma que está no grupo das 6- quem leu ontem, sabe do que estou falando).
Como crescemos como pessoa quando nos deparamos com um filho especial.
É algo que um pai ou uma mãe que recebe hoje o diagnóstico do seu filho, jamais vai entender, assim de imediato, mas com o passar dos anos, se tira de letra a forma de lidar com a criança, mesmo que lá no fundo você não aceite ou entenda essa situação. Eu vivo isso hoje, coisa que nunca imaginei viver...
E nesse dia com sessão nostalgia, eu e a Lenice fomos dar uma volta no hospital. Ficar enclausurada dentro do quarto, ninguém merece.
A máquina fotográfica sempre acompanhando na esperança de encontrar algo que valesse a pena ser registrado.
E encontramos um tal de Vagner. Ou seria Wagner? Disse a ele que escreveria sobre ele na postagem de hoje, mas esqueci de perguntar como exatamente se escrevia o seu nome.
Mas a postagem é de coração e ele vai desconsiderar o fato de eu não ter questionado se é com V ou W.
Wagner/Vagner é autodidata!!!!
Que ORGULHO conhecer esse moço.
Autoditada, para quem não sabe, é a pessoa que tem a capacidade de aprender algo sem ter um professor ou mestre lhe ensinando ou ministrando aulas. O próprio indivíduo, com seu
esforço particular, intui, busca e pesquisa o material necessário para
sua aprendizagem.
Ele alegra todos os dias os ouvidos de quem está no Hospital Pequeno Príncipe.
É funcionário da lavanderia do hospital e na hora do almoço nos da a graça de poder ouví-lo, mesmo alí com suas botas de serviço e seu uniforme.
Cara... virei sua fã! E sempre que estiver por aqui, vou todos os dias lhe ouvir tocar.
A tarde, Camilinha fez fisioterapia e teve a visita dos médicos. Se ela estiver bem como esteve hoje, amanhã vamos pra casa.
#TomaraDeus.
E como hoje é sexta-feira véspera de alta, combinamos de comer pizza (de volta) com as mamães amigas que estão aqui também.
Eu, Elenice, Monique e Joelma vamos passar nossa última noite juntas aqui.
E ao mesmo tempo que fico feliiz por saber que poderemos ir embora amanhã, fico triste também, pois mesmo todas nós tendo filhos especiais, será muito, mas muito difícil todas nós internarmos juntas, as 4 novamente.
Não...não vou chorar escrevendo o finalzinho do blog...
Pelo contrário!!!
Vamos terminar falando da Sexta-feira, o dia mais perfeito da semana!!!!
O dia de levantar os pés e descansar da semana turbulenta.
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