“É no campo da vida que se esconde um tesouro.

Vale mais que o ouro, mais que a prata que brilha.

É presente de Deus, é o céu já aqui, o amor mora ali e se chama família.”

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

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Perder um filho


Neste blog tenho tentado abordar as dificuldades (e algumas soluções, espero) relacionadas com as diferentes etapas do ciclo de vida em se tratando de quem tem um filho com algum tipo de deficiência, o filho especial – formação da família, nascimento do filho "diferente", dicas trocadas, procedimentos cirurgicos e troca de experiências mesmo – mas também me tenho debruçado sobre momentos significativos que correspondem a interrupções (mais ou menos inesperadas) à sequência “natural” do ciclo de vida.

Esses “acidentes de percurso”, que volte e meia me dedico a escrever neste diário virtual, como por exemplo, a morte de um filho.

Alguns estudos têm demonstrado que a morte do cônjuge ou de um filho é a situação mais geradora de ansiedade no ciclo de vida de uma pessoa. Um processo de divórcio, para quem não sabe, ocupa a segunda posição neste “ranking”.

Hoje resolvi escrever sobre a perda de um filho, pois as 05:00 acordei com a ligação da amiga Paula Regina me informando que o filho Kauan foi a óbito. Ontem mesmo eu pedi orações por eles aqui no blog.

Paula e Kauan

Embora não tenha passado pela experiência, vivi-a de perto várias vezes pelo fato de ter muitas amigas mães de crianças especiais que já partiram e vi de perto o quanto é sofrido passar por essa situação.
Me pego pensando quando a familia ou um dos membros não se recupera da perda e penso que esses pais eram AS ÚLTIMAS PESSOAS NO MUNDO a “merecer” passar por isto. Pensamento egoísta? Não. Dor. 
Profunda dor.

Pensando em pessoas tão próximas a mim, com seus filhos anjos, temo que não sobrevivam à angústia e ao desespero. Temo que jamais voltem a sorrir. Afinal, EU SEI o que os filhos representam para eles: Tudo!

Aprendi imediatamente uma coisa: não existem palavras de conforto que possam ser verdadeiramente eficazes. Frases como “Sê forte, afinal, tens outros filhos que precisam de ti.” não fazem o menor sentido… Durante um longo período nada parece fazer sentido. As pessoas “arrastam-se”, permitem que o tempo passe, mas não se sentem verdadeiramente vivas.

Cada pessoa fará o luto à sua maneira e, de um modo geral, o tempo é um bom aliado. Talvez a ferida nunca chegue a cicatrizar, mas é impossível viver o resto da vida “em carne viva”.
Confesso que tenho lido e conhecido mais sobre o tema ultimamente, quer através das leituras da especialidade, quer através da experiências que acompanhamos e que me  permitiu perceber que as famílias podem reagir de modo muito diferente a esta perda. Por exemplo, muitos casais não são capazes de continuar unidos, o que os leva a optar pelo divórcio. Esperar-se-ia, se calhar, que um acontecimento como este representasse sempre um pacto de união. Infelizmente, isso nem sempre acontece e algumas famílias desmembram-se.

Outra consequência possível relacionada com a forma como cada membro da família faz o seu luto está relacionada com o consumo de substâncias, sendo que a prevalência de alcoolismo aumenta de forma visível.

Mas se, por um lado, durante algum / muito tempo nada parece fazer sentido, também é importante realçar que existem formas de recuperar progressivamente a vontade de viver. Algumas pessoas beneficiam da ajuda de grupos de apoio constituídos por pessoas que viveram a mesma experiência. Outras “agarram-se” aos que ficaram, retirando desses afectos, o “soro” da recuperação. Outros precisarão de acompanhamento especializado – que pode ser feito através de terapia familiar, conjugal ou individual (nalguns casos combinada com terapia farmacológica).

Embora ainda não tenha aqui escrito sobre o que diferencia o luto normal do luto patológico, é importante que cada família avalie até que ponto estará a conseguir lidar sozinha com uma perda como esta. Desta avaliação pode resultar uma decisão importante: o pedido de ajuda.

A dor nunca chega a desaparecer, mas pode ser atenuada.

Infelizmente tenho contactado com diversas famílias que viveram (e vivem) esta realidade.

Nota final: Admiro profundamente a força da amiga  Joana Schmitz Croxato que perdeu a filha ha poucos dias. Não sendo a mesma pessoa que era antes, ela continua VIVA! 

 



4 comentários:

  1. Oi Váleria, como está a Camilinha depois da cirurgia?
    No meu ponto de vista acho que a maior dor com certeza é a perda de um filho...sabe,não é a ordem natural da natureza!
    Não sei qual é mais dificil de se conviver...aquele que perdeu seu filho que era completamente saudavel,ou aquela familia que perdeu um filho com necessidades especiais.
    Lembro uma vez,uma vizinha de onde eu morava.
    Ela perdeu seu filho caçula,atropelado enquanto ele andava de bicicleta.Ele só tinha 6 anos.
    E me lembro bem que depois do velorio,ela conversando comigo e com meu marido,disse que ela não aceitava a morte dele,por que ele era perfeito,ele tinha uma vida inteira pela frente,ao invés de ser um invalido a falecer; certo que por ser deficiente essa era a unica sina dele.
    Claro,ficamos revoltados por que ela conhecia bem nossa Pam...mas isso não era coisa pra se dizer!Mas em respeito a sua dor,ficamos mudos.Será que a dor dela seria maior que a minha se eu perdesse minha filha?
    Com certeza não!Por que amor de mãe não tem diferença.
    Bjs pra vcs...

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  2. Ontem dia 13 de setembro fez um mes que o Kauan partiu,um menino lindo, um guerreiro ,agora você esta em Paz anjinho .
    É difícil dizer como será quando chegar a hora ,cada mãe e pai reage de forma diferente,aceitar a perda é quase impossível, sera egoismo querer nossos filhos sempre ao nosso lado ,e a dor o sofrimento,as mutilações ,acessos venosos , antibióticos ,febres ,bacteremias , entubações ,sera que ter eles ao nosso lado nessas condições é justo ,o amor nos faz fortes para lutar por eles até o fim e nos faz fracos em pensar de ficar sem eles.Como explicar o inexplicável.

    Paula e Milton que Deus os abençoe vocês foram os pais que Deus escolheu para o kauan, pois sabia que o amariam incondicionalmente, tenham a certeza que agora ele esta bem e um dia vocês se reencontraram, quando for a vontade de Deus .
    Um abraço meus amigos .

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    1. Que lindas as suas palavras amiga...
      Me fez pensar em muita coisa enquanto estava lendo...
      Bj

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    2. realmente suas palavras tbem tocaram meu coraçao perdi ninha filha de 26 anos portadora de espinha bifida com complicaçoes de uma escarra que deu infecçao e uma bacteria muito resistente lutamos ate o fim por ela e como vc disse na hora do sofrimento naum aceitamos sua perda mas creio ser mesmo egoismo nosso quere-la ao nosso lado sofrendo se naum pudermos mais cuidar dela quem melhor que Deus neh?ficaremos aqui tendo fe q um dia nos reencontraremos

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