“É no campo da vida que se esconde um tesouro.

Vale mais que o ouro, mais que a prata que brilha.

É presente de Deus, é o céu já aqui, o amor mora ali e se chama família.”

terça-feira, 24 de julho de 2012

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'euzinha' não faria nada sozinha. Agora, 'noisinho' faz."


Desenho da inclusão

Arquiteta desenvolve produtos que socializam a criança dependente de cadeira de rodas



Aos 20 anos, a arquiteta Erika Foureaux, 36, já era representante no Brasil de um grupo francês de mobiliário infantil. Mas, quando a maternidade pôs em xeque sua atuação profissional, a mãe de Júlia, 16, Sofia, 14, e Nina, 10, não titubeou.
Incomodada porque os móveis que vendia não serviam para a filha do meio, que nasceu com deficiência física, Erika se desvinculou da multinacional e projetou uma ONG para desenvolver produtos inclusivos.
Ir direto à fábrica poderia parecer mais simples, mas ela justifica a opção pelo terceiro setor:
"Um produto fabricado na França não chegaria ao meu povo nunca. E também é uma forma de mostrar ao governo brasileiro que é preciso haver política pública de inclusão".
Assim ganhava vida, em 2003, o Instituto Noisinho da Silva, com nome e sobrenome que reafirmam a origem mineira de Erika, criada na França. Filha de comunistas exilados, ela emigrou aos dois anos e só retornou ao Brasil aos 16 anos.
"Lá em casa, sempre se falou em justiça social", conta Erika, que, na adolescência, foi punk e aderiu ao movimento antirracismo "touche pas à mon pote" (não encoste no meu amigo).

Novo design

À frente do Noisinho, passou de ativista a empreendedora social. Projetou itens como a Carteira Escolar Inclusiva e a cadeira Ciranda, que logo serão lançados no mercado, sem deixar confundir-se com um escritório de design convencional.
O instituto também promove um evento com atividades culturais e uma oficina na qual famílias pobres constroem uma versão em madeira da Ciranda -acessório para retificar a postura de crianças de um a seis anos e permitir que elas desçam da cadeira de rodas e do berço para brincar no chão.
A estratégia de usar a família na montagem da Ciranda é para que ela não acabe encostada. E a experiência é um estímulo para os pais mudarem de atitude, sentindo-se capazes de buscar soluções para os filhos.
"Achei que não fosse dar conta porque nunca havia trabalhado com madeira", conta a dona de casa Cilene Vicente Ferreira, 41, mãe de Juan, 5. "Mas fiz a Ciranda do meu filho com minhas próprias mãos."
Na Oficina da Ciranda, Erika também coloca a mão na massa, assim como no dia a dia à frente do Noisinho da Silva.
Prolífica, sempre inventa novos produtos. Um dos mais recentes é a animação "Os Eficientes", em fase de produção.
Para incrementar suas ideias, ela diz não abrir mão de pessoas que pensem diferente. "O 'do contra' fundamentado que me desafie a criar um produto mais bacana", atiça.
No auge de um projeto, a equipe chega a 30 profissionais, que incorporam o onipresente senhor Noisinho.
"Esse nome tem a conotação de que 'euzinha' não faria nada sozinha. Agora, 'noisinho' faz."

 Colaboração para a Folha de S.Paulo

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